Publicado em: 16/10/2022
COLÁGENO TIPO 2 PARA ARTROSE: FUNCIONA?
Colágeno Tipo 2 para artrose
tem efeito benéfico? Será que ele previne a Artrose? Será que ele previne uma
degradação da cartilagem?
Antes de falar sobre o
efeito do colágeno é importante lembrar sobre a cartilagem que é um tecido de 4
camadas que age como uma grande almofada que existe entre os nossos
ossos.
Ele absorve energia cinética e transmite para os ossos. O grande problema da
cartilagem é que é um tecido que tem pouca célula e muita matriz extracelular,
então ele é um tecido que uma vez lesionado dificilmente consegue cicatrizar
através de mecanismos naturais do nosso corpo.
O QUE É O COLÁGENO TIPO 2?
O colágeno é um tecido
altamente especializado com potencial praticamente zero de cicatrização. Além
disso, todos com a idade próxima a 60 anos de idade já têm algum grau de
degeneração articular e a maioria não sente nada: chamamos isso de Artrose. A
Artrose seria o estágio final da doença cartilaginosa que chamamos em medicina
de Condropatia.
O tratamento tanto da doença
cartilaginosa em estágio inicial quanto o estágio final da artrose envolve
tratamentos não-cirúrgicos e cirúrgicos. Na verdade, o tratamento dessas
doenças cartilaginosas é muito controverso e os protocolos são muito
desencontrados na literatura no mundo todo.
Colágeno tipo 2 é um nutracêutico para a
artrose?
Quando pensamos em um
tratamento não cirúrgico a primeira linha que aparece é uma classe de
medicamentos chamados de Nutracêuticos.
Nutracêutico seria alguma
coisa que você toma principalmente de maneira diária que vai agir no seu corpo
e que vai agir em qualquer órgão, não só cartilagem. Existe, por exemplo, o
Ômega 3 que está ligado à saúde do nosso coração e ao metabolismo do colesterol
e longevidade. Portanto, existem diversos estudos que falam a favor do
benefício do uso diário do Ômega 3 em doses altas, doses baixas etc… mas, quais são os nutracêuticos que são usados
para cartilagem?
Ao fazer uma revisão na
literatura existem pelo menos 22 tipos descritos, o principal e mais famoso,
mais comercializado é a tal da Glicosamina e Condroitina. Historicamente foram
os primeiros que saíram.
Ao jogar um medicamento no
mercado temos que fazer diversos estudos para ver se aquilo realmente funciona.
Quanto melhor o estudo, quanto melhor o delineamento do estudo científico,
quanto melhor a revista científica em que o estudo publicado, melhor a chance
daquele tratamento que está sendo passado para o paciente tenha o efeito.
Assim, quanto melhor a
evidência científica, melhor a chance daquele procedimento ou daquele
medicamento agir e realmente ter o efeito desejado.
E o que isso quer dizer?
Um dado importante sobre os
Nutracêuticos de uso articular é que eles agiriam no que chamamos de Cascata
Inflamatória da Doença Cartilaginosa. Em Medicina chamamos de Sinovite
Artrítica. Ela é uma inflamação crônica dentro da articulação que a longo
prazo, vai destruindo articulação e levando a degeneração e pode levar, por
exemplo, a incidência de artrose no
joelho.
Hoje, o estudo da Artrose
está focado justamente nessa reação inflamatória e em como a redução dela
diminui e modifica a evolução da doença.
Ao contrário do que muita
gente pensa e ao contrário do que é veiculado em propagandas na televisão, a
grande maioria deles não são produtos naturais e sim, são produtos sintéticos,
são remédios e todo o remédio pode levar efeitos colaterais indesejados
principalmente a longo prazo.
GLICOSAMINA E CONDROITINA: REGENERAM A
CARTILAGEM?
Sobre a Glicosamina
associada ou não à condroitina, a ciência provou através de estudos científicos
nível 1 de evidência (metanálises) SEM O
PATROCÍNIO DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA nos últimos 20 anos de que ela não funciona, que ela traz diversos
efeitos colaterais e a Associação Americana de Cirurgiões Ortopédicos recomenda
fortemente o não uso dela e a Sociedade Internacional de Estudo da Osteoartrite
diz que ela não funciona e que se o paciente estivesse realmente sentindo um
benefício do uso dela, deve ser estendido até no máximo 6 meses de vida os
efeitos colaterais.
COLÁGENO TIPO 2: PARA QUE SERVE?
Sobre o Colágeno: vem de uma
palavra egípcia chamada Kollar. No Egito Antigo eles pegavam os tendões dos
animais, cozinhavam e já ingeriam. A ideia era de que o colágeno teria
algum efeito sobre as articulações e sobre a pele.
Existem hoje descritos 29
tipos de colágeno. O mais prevalente que temos na nossa cartilagem é o chamado
Colágeno Tipo 2 e hoje em dia os colágenos comercializados dividimos entre hidrolizado
e não-hidrolizado. O não-hidrolizado é o que teria o efeito antigênico na
cascata inflamatória, então ele agiria reduzindo o que chamamos de
Interleucinas que levam à degradação cartilaginosa.
MAS SERÁ QUE O UCII (COLÁGENO TIPO 2)
REALMENTE FUNCIONA PARA A ARTROSE?
Os poucos estudos que
existem mostram uma melhoria de 33 a 40% de dor e melhoria de mobilidade
articular, redução do uso de analgésicos de resgate, ou seja, a pessoa que usa
essa medicação tende a reduzir o uso de remédios para controle de dor. Além
disso, os resultados quando foram feitos comparados com a Glicosamina e
Condroitina tenderam a ser superiores.
Uma coisa que é muito
importante para finalizarmos a respeito do Colágeno é que o uso dele deve ser
racional. Todo Nutracêutico deve ter uso racional! O que seria isso?
Como não existe evidência científica, como são medicações caras e podem trazer
efeitos colaterais que a grande maioria das pessoas não sabem, ele deve ser
sempre o último recurso.
DESGASTE NO JOELHO: O QUE FAZER PARA
REDUZIR?
Ao tratar uma artrose, uma
doença cartilaginosa de maneira não-cirúrgica, temos que fazer como se fosse um
bolo, aqueles bolos de casamento. Então a base do bolo é perder peso, alterar
hábitos de vida, se alimentar melhor, comer melhor, isso tem impacto direto
sobre a doença cartilaginosa. O segundo degrauzinho seria modificar doença,
então existem diversas intervenções fisioterapeuticas que podem modificar
doença. Hoje, com melhor evidência científica é o uso do Ácido Hialurônico
intra articular, em particular que é chamado de Viscossuplementação.
Estudos apontam que a prática esportiva leve
como Yoga e Pilates, após a viscossuplementação é a infiltração de corticóides
tem a maior evidência na redução do desgaste da cartilagem que qualquer
nutracêutico.
Existem diversos produtos,
diversas associações e cada produto e cada associação tem indicação para um
tipo de paciente e por um tipo de degeneração cartilaginosa.
A cerejinha do bolo seriam
os Nutracêuticos.
Eles devem ser sempre o
último recurso no tratamento de uma de uma doença articular pois são muito
caros e tem efeitos colaterais e resultados ainda duvidosos.
Ele nunca deve ser usado
como monoterapia, ou seja, chegar para um paciente e falar “você vai melhorar
só usando isso” são um grande mentiroso erro. O grande problema é que vai levar
efeitos colaterais e vai eventualmente levar um gasto desnecessário, pois são
produtos muito caros.
Toda vez que for prescrito,
deve ser discutido e deve ser triados doenças prévias do paciente. Um paciente
que tenha por exemplo uma tendência ter Diabetes, esse paciente jamais deve
usar Glicosamina porque já existe uma tendência a subir demais o açúcar dessa
pessoa no sangue e levar uma pré-diabetes ou uma diabetes.
MANIPULAÇÃO DE NUTRACÊUTICOS
Através da manipulação é
possível associar diversos Nutracêuticos como por exemplo a Diacereína. Ao
manipular o Colágeno tipo 2 é importante associar à Vitamina C. A vitamina C em
doses baixas como 50 ou 100mg, aumenta a absorção do Colágeno no trato
gastrointestinal. Ela aumenta a biodisponibilidade no nosso sangue ou
disponibiliza mais colágeno no sangue para teoricamente agir na cartilagem.
Além disso, com a
manipulação há a redução do preço final dessa medicação e em todo tratamento de
doença crônica é necessário pensar no orçamento final para o paciente porque o
uso dessas medicações são muito caras e às vezes inviabiliza um tratamento a
longo prazo.
Lembrando que o melhor
investimento que existe ao tratar uma doença cartilaginosa é na equipe de
saúde. Ela deve ser formada com o nutricionista, médico, fisioterapeuta e
profissional de educação física.
Essas são as pessoas para ajudar
a contornar essa doença. Em muitos casos, o paciente que já tem a indicação de
tratamento cirúrgico consegue postergar ou adiar ou até evitar uma cirurgia
dessa.
Aqui deixo um exemplo de um nutracêutico para manipulação
que deve ser usado no mínimo 6 meses:
Diacereína 50mg
Vitamina C 100mg
UCII 40mg
MSM 300mg
Magnésio Quelato 168mg
Silício Quelato 100mg
Posologia: Tomar uma dose ao dia, por 6 meses – Dr. André
Frare – CREFITO 51551